Fundamentos de Prevenção e Combate a Incêndios em Empresas de Confecção

Apresentamos aqui conceitos essenciais para a compreensão do comportamento do fogo e das estratégias de prevenção e combate, fundamentais para a segurança dessas operações e de seus ocupantes.

SETOR DE CONFECÇÃO

4/26/20256 min read

red fire extinguisher on gray wall
red fire extinguisher on gray wall

A proteção contra incêndios em empresas de confecção exige o entendimento dos fatores que favorecem o surgimento e a propagação do fogo. Conhecer esses elementos, bem como as medidas de prevenção e combate, é fundamental para reduzir riscos, proteger vidas e preservar o patrimônio.

A seguir, são abordados conceitos essenciais que ajudam a entender o comportamento do fogo e as estratégias eficazes para a sua contenção.

Triângulo e Tetraedro do Fogo

O triângulo do fogo representa os três elementos indispensáveis para o surgimento do fogo: o combustível, o comburente e o calor. A evolução deste conceito originou o tetraedro do fogo, que adiciona um quarto elemento essencial: as reações em cadeia.

Figura – Triângulo de Fogo

O tetraedro do fogo é, portanto, composto por calor, combustível, comburente e reações em cadeia, sendo imprescindível a presença simultânea desses quatro elementos para que a combustão se mantenha.

Figura – Tetraedro do Fogo

O combustível é qualquer substância capaz de queimar e alimentar a combustão, podendo apresentar-se nos estados sólido, líquido ou gasoso. Em geral, combustíveis sólidos, como a madeira, precisam se transformar em vapor para reagirem com o oxigênio e, assim, queimar. Combustíveis líquidos, como o etanol, a gasolina e o óleo diesel, têm como principal característica a combustão mais imediata. Já combustíveis gasosos, como o gás natural (GN) e o gás liquefeito de petróleo (GLP), apresentam comportamentos distintos: enquanto o GN, por ser mais leve que o ar, tende a se dispersar para cima, o GLP, mais pesado, acumula-se próximo ao solo.

O comburente, por sua vez, é o agente que ativa a combustão. O mais comum é o oxigênio, presente no ar atmosférico. Já o calor é a forma de energia necessária para iniciar a reação de combustão.

Por fim, as reações em cadeia ocorrem a partir da interação contínua entre os elementos mencionados. Isoladamente, nenhum deles seria capaz de gerar fogo, evidenciando a necessidade da presença conjunta.

Compartimentação Horizontal

Conforme estabelecido na Norma Técnica 09/2014, a compartimentação horizontal refere-se ao isolamento de ambientes situados no mesmo pavimento, com o objetivo de impedir a propagação rápida do fogo para áreas adjacentes. Sempre que possível, recomenda-se manter um afastamento físico entre edificações. Quando essa medida não é viável, utiliza-se paredes, portas e janelas corta-fogo como barreiras de proteção.

Essas paredes corta-fogo devem ser constituídas em concreto armado ou alvenaria, com espessura variando entre quinze e vinte e cinco centímetros.

Figura – Paredes Corta-Fogo

Adicionalmente, é obrigatório que essas paredes ultrapassem o nível do telhado em pelo menos trinta centímetros, podendo chegar a um metro de altura, a fim de assegurar o isolamento eficaz da edificação frente às construções vizinhas em caso de incêndio.

Figura – Detalhamento de Parede Corta-Fogo

Saída de Emergência

As saídas de emergência têm como principal função garantir uma evacuação rápida, segura e desimpedida da edificação em situações de incêndio, conduzindo diretamente a espaços abertos ou vias públicas. De acordo com o Corpo de Bombeiros Militar do Rio Grande do Sul (CBMRS), o percurso das saídas deve ser composto por escadas, rampas, portas e corredores.

Esses trajetos devem permanecer livres de qualquer tipo de obstáculo, como gradis, muros, móveis ou caixas, que possam dificultar o deslocamento das pessoas durante a emergência.

Figura – Exemplo de Saída de Emergência

Prevenção contra Incêndio e Pânico

As medidas de prevenção contra incêndio e pânico têm como objetivo principal orientar as pessoas e adotar procedimentos que minimizem tanto a ocorrência de incêndios quanto o surgimento de situações de pânico. Essas ações preventivas são fundamentais para a segurança dos ocupantes e para a preservação do patrimônio.

Extintores de Incêndio

Cada tipo de extintor de incêndio é projetado para atuar sobre diferentes classes de fogo, conforme a composição química do agente extintor e o modo correto de sua aplicação. O uso inadequado do extintor pode resultar na ineficácia no combate às chamas ou até na intensificação do incêndio.

Os extintores são pressurizados para garantir uma pulverização eficiente e estão classificados segundo o tipo de material combustível:

  • Incêndios envolvendo sólidos: como madeira e papel.

  • Incêndios envolvendo líquidos: como gasolina e óleo.

  • Incêndios envolvendo gases: como butano e acetileno.

As classes de extintores são:

  • Classe A: Indicados para materiais sólidos como papel, madeira e tecidos.

  • Classe B: Indicados para líquidos inflamáveis.

  • Classe C: Indicados para equipamentos elétricos energizados.

  • Classe D: Indicados para metais combustíveis.

  • Categoria K: Indicados para óleos e gorduras utilizadas em cozinhas industriais.

Sinalização de Emergência

A sinalização de emergência é um conjunto de sinais visuais padronizados, com o objetivo de orientar de forma clara e rápida sobre as rotas de fuga, a localização dos equipamentos de combate a incêndios e os riscos potenciais presentes na edificação.

Conforme disposto na Instrução Técnica IT-20 do Corpo de Bombeiros da Polícia Militar do Estado de São Paulo (CBMESP), a sinalização deve atender a requisitos específicos de dimensões, cores e formas, assegurando assim sua eficiência e rápida identificação em momentos críticos.

Iluminação de Emergência

A iluminação de emergência é indispensável para assegurar a visibilidade durante a evacuação da edificação e para facilitar a localização dos equipamentos de combate ao fogo. Entre as principais exigências para sua instalação, destacam-se:

  • Instalação a uma altura entre 2,2 e 2,5 metros;

  • Distância máxima de dez metros entre os pontos de iluminação;

  • Capacidade de funcionamento por pelo menos uma hora em caso de falta de energia elétrica.

Essas medidas, estipuladas pelo Corpo de Bombeiros Militar de São Paulo (CBMSP), garantem que, em situações de emergência, todos os ocupantes possam encontrar rapidamente as rotas de fuga e os dispositivos de segurança.

Brigada de Incêndio

A formação da Brigada de Incêndio obedece aos critérios definidos nas normas NBR 14276 e NBR 15219. Para a realidade analisada no estudo de caso, conforme a Instrução Técnica nº 17 do CBMSP, exige-se a realização de um treinamento básico, uma vez que a edificação é classificada como de baixo risco de incêndio. O treinamento básico contempla:

  • Ações de abandono assistido para pessoas com deficiência ou mobilidade reduzida;

  • Garantia de evacuação ordenada e rápida de todos os ocupantes da edificação;

  • Realização de busca final pelos brigadistas para assegurar que ninguém seja deixado para trás.

A capacitação da brigada é fundamental para a eficiência das ações de resposta emergencial e para a preservação de vidas.

Comissão Interna de Prevenção de Acidentes (CIPA)

A CIPA tem como principal responsabilidade promover a prevenção de acidentes de trabalho e doenças ocupacionais, buscando garantir um ambiente laboral seguro e saudável.

A criação e o funcionamento da CIPA são regulamentados por:

  • Norma Regulamentadora 5 – Comissão Interna de Prevenção de Acidentes;

  • Artigo 163 da Consolidação das Leis Trabalhistas (CLT);

  • Portaria nº 3214 de 8 de junho de 1978;

  • Portaria SIT nº 247 de 12 de julho de 2011.

Essas normativas estabelecem os parâmetros para a constituição da CIPA, sua composição, as atribuições dos membros e o processo de eleição e treinamento, reforçando a importância da atuação preventiva no ambiente de trabalho.